Saudades
Em sussurros percorro as ruas de Lisboa
A milhares de quilômetros da cidade.
Fingindo a presença, eu engano os passantes
Como um Mahatma faria.
Morri para o espaço que habito
E viajo pelas noites das cidades
E nenhuma me é mais cara
Que tu, Lisboa.
Sobre o espaço-tempo
A noite cai.
As luzes da cidade
Não o escondem mais.
Sim, é tempo de esperas,
Tempo de alma,
Tempo de casas mortas,
Aromas poucos,
Olho cansado,
Lonjuras.
Sonhei um dia com o reencontro
Entre os deuses, os vivos e os mortos:
Um deus azul, dois vermelhos,
Um amarelo, um magenta,
Mortos com roupas novas,
Vivos com roupas antigas.
Fomos todos felizes por algumas horas
Num sobrado em Lisboa.
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